De
nada adiantam as boas intenções, tanto da parte do primeiro-ministro de
Israel, com a sua "mão estendida" para as negociações de paz com os
palestinos feita ontem mesmo, conforme discurso resumido abaixo, mas
pior ainda, com a inutilidade da existência de um "Quarteto para a Paz",
incapaz de negociar com os palestinos, que simplesmente se recusam a
fazê-lo.
O
conflito israelo-palestino que se tornou o foco principal da 66ª
Assembleia-Geral da ONU em Nova Iorque viu mais do que a histórica
proposta de adesão à plena membresia das Nações Unidas feita pelos
palestinos, e discursos inflamados, mas também o quase desmembramento
do "Quarteto para a Paz", composto pelos Estados Unidos, Rússia, a
União Europeia e a ONU. O quarteto tinha trabalhado freneticamente
durante Quinta e Sexta-Feira para reunir uma proposta que fosse
facilitar o resumir do processo de paz israelo-palestino, mas os seus
esforços viram-se malogrados, praticamente desintegrando o grupo, com a
Rússia voltando-se contra os Estados Unidos por causa do esboço da
proposta.
O
esboço da proposta feita pelo "quarteto" incluia o convite para que
Israel e os palestinos se reunissem dentro de um mês para chegarem a
um acordo sobre uma agenda para novas conversações de paz, tendo como
alvo um acordo para o final de 2012.
Mas
segundo diplomatas ocidentais, a integridade do "quarteto" ficou
comprometida quando deliberações feitas acerca da proposta se tornaram
conflituosas, principalmente devido às rígidas exigências feitas pela
Rússia.
Os
russos vetaram a exigência feita por Israel para um reconhecimento
palestino do estado judaico como um pré-requisito para as
conversações, o que levou à anulação do pré-requisito feito pelos
palestinos para que as negociações se baseassem nas linhas
fronteiriças de 1967.
Depois daquilo que foi descrito como "tons rudes e discordantes" trocados
entre os russos e os colegas do "quarteto", chegou-se finalmente a um
esboço, apesar de a certa altura se temer que os russos fossem excluídos
da declaração final.
O anteprojecto, contudo, não especifica as linhas-mestras exactas para as negociações.
Mas, segundo fontes associadas a Netanyahu, "a proposta contém a coisa mais importante: voltar-se às negociações. Temos de estudá-la, mas parece satisfatória".
Só que os palestinos rejeitaram o esboço da proposta como "favorável a Israel",
e o presidente palestino Mahmoud Abbas recusou-o, alegando que nunca
aceitaria qualquer proposta que não levasse em conta as condições da
Autoridade Palestina para as conversações de paz.
Mahmoud
Abbas disse hoje mesmo que esperava que o Conselho de Segurança
terminasse o debate acerca da proposta de adesão do estado palestino à
plena adesão na ONU dentro de semanas, e não meses.
Falando
aos jornalistas dentro do avião, de regresso da AG da ONU em Nova
Iorque, Abbas disse que os membros do Conselho de Segurança tinham
inicialmente mostrado falta de entusiasmo com a idéia de discutirem a
proposta de adesão.
Mas
depois acescentou que a disposição pareceu mudar depois de ter
discursado na AG na sexta-feira, em que apresentou a questão
palestiniana de um estado independente ao lado de Israel. "Agora" - acrescentou - "estamos a falar de semanas e não de meses".
ISRAEL CONVIDA OS PALESTINOS PARA "NEGOCIAR A PAZ"
"Vamos negociar a paz!"
- foi este o convite e desafio que o primeiro-ministro israelita
Benjamin Netanyahu fez ao presidente da Autoridade Palestina Mahmoud
Abbas, no seu discurso no plenário da Assembleia Geral da ONU, pouco
depois do discurso do líder palestino.
Mahmoud
Abbas submeteu ontem oficialmente à Assembleia Geral a sua proposta de
adesão plena da Palestina como estado-membro na comunidade das nações.
Netanyahu iniciou o seu discurso "estendendo a mão em paz"
a todas as nações vizinhas de Israel, incluindo o Egipto, a Jordânia e a
própria Turquia com a qual as relações têm andado tensas nos últimos
meses, bem como ainda à Líbia, Tunísia, Síria, Líbano e o próprio Irão.
Mas especificou: "Mas mais especialmente quero estender a minha mão ao povo palestino, com o qual procuramos uma paz justa e duradoira".
E
Netanyahu mencionou a esperança que Israel acalenta pela paz e que
nunca desvanece, lembrando à audiência todas as boas coisas boas que
Israel tem, tais como médicos, cientistas, inovadores que trabalham para
melhorar o trabalho de amanhã, os seus artistas e escritores que "enriquecem a herança da humanidade".
Mas Netanyahu não poupou a ONU: "...esta
é uma parte infeliz da instituição da ONU. Ela não apenas trata Israel
como vilão, pior ainda, ela coloca muitas vezes os autênticos vilões em
posições de liderança. O Kadhafi da Líbia liderou a Comissão da ONU para
os Direitos Humanos. O Saddam do Iraque liderou o Comité de
Desarmamento da ONU..."
E acrescentou: "Podeis
dizer que isso foi no passado, mas eis o que está agora acontecendo: o
Líbano, que é controlado pelo Hezbollah, preside agora ao Conselho de
Segurança da ONU. Isto significa de facto que uma organização terrorista
preside a um corpo ao qual foi confiada a garantia da segurança do
mundo".
Netanyahu prosseguiu referindo-se ao conflito com os árabes, dizendo: "Eu
vim aqui para falar a verdade. A verdade é que Israel quer a paz. A
verdade é que eu quero a paz. A verdade é que no Médio Oriente, sempre,
mas especialmente nestes dias turbulentos, a paz tem de estar ancorada
na segurança. A verdade é que nós não podemos alcançar a paz através de
resoluções da ONU, mas só através de negociações diretas entre as
partes. A verdade é que até agora os palestinos têm se negado a
negociar. A verdade é que Israel quer a paz com um estado palestino,
mas os palestinos querem um estado sem a paz. E a verdade é que vocês
não deviam deixar que isso aconteça".
Netanyahu
disse ainda que o maior perigo que o mundo de hoje enfrenta é o
fanatismo islâmico militante, tal como o do Irão e do seu presidente.
Alertou ainda sobre o perigo do Irão se armar com armas nucleares.
E
depois de abordar todos os perigos que o Irão oferece e as várias
tentativas frustradas para se conseguir a paz com os palestinos,
Netanyahu concluiu o seu discurso:
"Minhas
senhoras e meus senhores, eu continuo a esperar que o Presidente Abbas
seja meu parceiro para a paz. Trabalhei duro para avançar essa paz. No
dia em que assumi a minha missão, apelei a negociações diretas sem
pré-condições. O Presidente Abbas não respondeu. Eu sublinhei a visão de
paz com dois estados para dois povos. Mesmo assim ele não
respondeu. Removi centenas de bloqueios e controles fronteiriços, mas,
mais uma vez, nenhuma resposta. Dei o passo nunca antes tomado de
congelar novas construções nos aldeamentos por dez meses. Uma vez mais,
não veio nenhuma resposta.
Presidente Abbas: por que não se junta a mim? Nós temos de parar de negociar sobre as negociações. Vamos é avançar
para o terreno. Vamos negociar a paz! Estamos agora os dois na mesma
cidade. Estamos dentro do mesmo prédio. Assim, encontremo-nos hoje
mesmo, nas Nações Unidas!"
É importante que o mundo veja de forma clara quem quer a paz, e quem não está interessado nela. Tão simples como isso!
Shalom, Israel!
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