Milhares de árabes palestinianos participaram numa gigantesca manifestação em Ramalá, no início desta semana, apelando ao estabelecimento do "Califado Muçulmano" - o governo islâmico mundial que "trará a vinda do Mahdi" - o messias islâmico.
O Califado é essencialmente uma união de países muçulmanos sob a liderança espiritual e política de um só indivíduo: o Califa. Desde os dias de Maomé que esse tem sido um conceito islâmico, altura em que foi estabelecido por alguns dos seus discípulos. O ofício do "Califa oficial" tem por diversas vezes sido disputado, com vários candidatos a "califa" batalhando entre si para a obtenção do título.
O último Califa oficial foi Abdulmecid II, que perdeu o seu cargo no rescaldo da derrota da Turquia otomana na Primeira Guerra Mundial. O Califa mais bem conhecido no Ocidente é Solimão, o Magnífico, um sultão otomano que no século XVI conquistou a maior parte do Médio Oriente e do Golfo Pérsico, conquistando até partes da Europa, até ter sido parado às "portas de Viena".
Com muitos estados muçulmanos divididos politica e religiosamente, e dependentes do apoio do Ocidente, os radicais islâmicos têm andado a promover a ideia do restabelecimento do califado - desta vez a ser liderado pelo todo poderoso Mahdi, que segundo eles irá unir todos os muçulmanos e estabelecerá o Islão como a religião dominante no mundo, reinando durante alguns anos até ao "Dia do Juízo Final." Embora a identidade do Mahdi seja secreta, muitos muçulmanos acreditam que ele já está vivo, e vários indivíduos têm alegado terem o título. Diz-se que muitos muçulmanos acreditavam que Osama bin Laden seria o Mahdi, ou o seu braço direito, até ele ter sido morto há alguns anos atrás pelas forças especiais norte-americanas.
A manifestação em Ramalá incluiu muitos estudantes da universidade Bir-Zeit, a universidade mais prestigiada da Autoridade Palestiniana, a norte de Jerusalém e uma grande beneficiária dos apoios financeiros dos EUA e da Europa. Os participantes reuniram-se numa grande mesquita em El Bireh, nas imediações de Ramalá, e desfilaram até à Praça Manara, um grande espaço de encontro na cidade de Ramalá. Os prelectores no encontro apelaram aos participantes para que "tivessem fé" no futuro, para que abandonassem os seus costumes ocidentais e fizessem mais para cumprir os requisitos do Islão.
A manifestação foi organizada pela "Hizb at-Tarhir" (partido da libertação), que tem o seu próprio candidato a Mahdi - o líder da organização Ata Abu Rashta, nascido na antiga "Palestina" e residente de longa data num campo de refugiados perto de Hebron. Os prelectores na manifestação disseram que Abu Rashta, como Mahdi, irá unir os muçulmanos e estabelecer a lei"sharia" nos países à volta do mundo. Os pregadores apelaram ainda à unidade de todos os muçulmanos para assegurar a "vitória na Síria", a "libertação da Palestina das mãos dos odiosos judeus"e "a libertação da humanidade das cadeias do capitalismo."
ERDOGAN: O NOVO CALIFA?
Uma das acusações que têm sido feitas ao primeiro-ministro turco Erdogan, é que ele tem ambições de "califa", querendo impôr a lei"sharia" em toda a Turquia, que apesar da sua população ser esmagadoramente de religião islâmica, quer continuar a ser um estado laico, ambicionando até fazer parte da União Europeia.
A "linha dura" e quase ditatorial de Erdogan tem levado a comunidade muçulmana mundial a crer que ele se candidata a ser o próximo califa, ainda que tal possibilidade seja contestada por muitos, especialmente os radicais.
ERDOGAN: O NOVO CALIFA?
Uma das acusações que têm sido feitas ao primeiro-ministro turco Erdogan, é que ele tem ambições de "califa", querendo impôr a lei"sharia" em toda a Turquia, que apesar da sua população ser esmagadoramente de religião islâmica, quer continuar a ser um estado laico, ambicionando até fazer parte da União Europeia.
A "linha dura" e quase ditatorial de Erdogan tem levado a comunidade muçulmana mundial a crer que ele se candidata a ser o próximo califa, ainda que tal possibilidade seja contestada por muitos, especialmente os radicais.
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